Memória Viva #25 - Borjão

Falando sobre Congadas, Carnaval, Futebol e Resistência

Com o céu acinzentado, frio e diante da iminência de uma chuva persistente e constante, essa situação climática toda não foi possível inibir nesta quinta feira, 20 de setembro de 2018, nossa agradável conversa com Ademir Borges, conhecido carinhosamente como seu Borjão, de 66 anos de idade. Borjão ativou a memória e trouxe em sua narrativa as festas musicais que aconteciam no Dito Negrinho, um espaço cultural criado e frequentado pelo povo negro para promover encontros e entretenimentos na cidade de Itapira (SP). O espaço Dito Pretinho, simboliza uma ação de resistência diante da proibição da população preta em frequentar outros espaços e clubes da cidade frequentados pelos brancos e que praticavam uma segregação sócio racial pela cidade. Borjão, diz que mesmo os negros sendo proibidos de entrarem em clubes e salões frequentados por brancos, o espaço Dito Negrinho aceitava a presença de alguns brancos. A narrativa se dirigiu também sobre como eram organizadas os carnavais e as escolas de samba em uma época memorável da cidade de Itapira (SP).
O seu contato com as congadas se deu ainda muito jovem, quando seus pais vieram do interior de Minas Gerais e desde daquela época tinham uma relação muito próxima com a Congada. Borjão, lamenta que nos dias atuais não exista mais o carnaval, as escolas de samba e um maior numero de grupos de congada. Essa cultura popular foi se desestruturando e tornando-se cada vez mais um grande negócio embranquecedor , afastando, assim o povo de sua organização e construção dessas ações culturais. Borjão, menciona seu envolvimento com o futebol de várzea da cidade e a criação de um torneio que tinha a presença de um time de futebol formado por negros e outro por brancos.