Nelson Rodrigues, o anjo pornográfico
Nelson Rodrigues, o gênio literário
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- Esta semana vamos homenagear um dos maiores dramaturgos brasileiros de todos os tempos, Nelson Rodrigues, uma pessoa cuja vida inteira foi escrever, uma pessoa que tinha uma imaginação aguçada e que sabia extrair do cotidiano aquilo que ele tinha de chocante, interessante e curioso. Um homem que era um exímio frasista e se auto-classificava como um “anjo pornográfico”. Criado na zona norte do Rio de Janeiro de onde se inspirou para criar personagens inesquecíveis com histórias líricas e trágicas ao mesmo tempo.
- Nelson Falcão Rodrigues nasceu há 107 anos, no dia 23 de agosto de 1912 em Recife. Foi um grande escritor, jornalista, romancista, dramaturgo, contista e cronista brasileiro. É o mais influente dramaturgo nacional. Nelson é filho do ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues que migrou para o Rio de Janeiro quando Nelson ainda era criança.
- Ainda cedo ingressa na carreira de jornalista que lhe traria a experiência e o conhecimento que ele levaria para todos os seus posteriores escritos. Em seus textos jornalísticos destacam-se aqueles dedicados ao futebol em que usou toda a sua expertise dramática na transformação de partidas em batalhas épicas e de jogadores em heróis. Como cronista destacam-se seus milhares de textos na extremamente popular e eternamente discutida coluna “A vida como ela é…”
- Sua primeira peça de teatro foi “A mulher sem pecado” onde já ensaiava sua verve e dava os primeiros sinais de prestígio dentro do cenário teatral. Em 1943, a consagração no Teatro Municipal do Rio de Janeiro: sua segunda peça, Vestido de Noiva, montada por um grupo amador, Os Comediantes, dirigida pelo polonês recém-imigrado Ziembinski e com cenários de Tomás Santa Rosa, revolucionava a maneira de se fazer teatro no Brasil.
- Nelson Rodrigues tirava da experiência dele, da família, dos amigos e do cotidiano da zona norte do Rio, como um exímio observador do ser humano, a inspiração para os assuntos inesgotáveis que ele transformou em teatro, literatura, romance, conto, crônica e toda a sorte de textos que publicou em vida.
- Polêmico e provocador, desde muito cedo, seus textos causavam as mais diversas reações nos leitores e espectadores de suas peças. Variando do ódio à admiração passando pelo choque e êxtase, a personalidade e o temperamento do escritor, sempre polêmico e com uma escrita rápida e mordaz, fizeram-no, mesmo durante a ditadura, um autor extremamente popular.
- A partir da peça “A Falecida”, diante de diversas tragédias, experiências desagradáveis, censura, perseguição e diversos desapontamentos em sua vida, Nelson Rodrigues mudou seu teatro, focando suas peças na realidade da zona norte carioca, com personagens facilmente identificáveis pelo público, bastante populares, com gírias e nuances reconhecidas por seu público. Neste cenário, usando esses personagens, o autor tratou de todo o universo humano indo, segundo Ruy Castro (seu biógrafo), literalmente, às entranhas da alma do ser humano.
- A obra completa de Nelson Rodrigues é muito vasta, sendo, ainda segundo Ruy Castro (autor da Biografia de Nelson, chamada “O anjo pornográfico”), impossível de catalogar completamente, citando como exemplo, a coluna “A Vida como ela é” em que Nelson Rodrigues deva ter escrito cerca de DUAS MIL colunas. Nelson Rodrigues foi um caso raro de sucesso reconhecido pelo público e pela crítica ainda em vida, embora tivesse grande número de inimigos e sofresse perseguição pesada pela censura. Foi muito admirado e reconhecido.
- Influente até hoje, sua obra choca as plateias provocando admiração e deslumbramento e nunca, indiferença. A dica desta semana é resgatar Nelson Rodrigues (nesta época tão conectada - que ele, decerto, criticaria) seja através de suas peças, seja por suas crônicas e deliciosos textos jornalísticos. Eu recomendo os livros “A vida como ela é”, as montagens teatrais, cinematográficas ou televisivas de “Vestido de noiva”, “Bonitinha mas ordinária ” e os filmes “a dama do lotação”, “Toda nudez será castigada”, “os sete gatinhos” e “O beijo no asfalto”.